PATAGÓNIA 24 a 29 de Março 2006 - Ushuaia
Depois adormecemos na cama péssima que nos calhou na rifa, mas em contrapartida, um quarto aprazivelmente aquecido!
Mais dias de sol viriam.
(parque nacional Tierra del Fuego)
Aproveitaríamos a sorte e conheceríamos Ushuaia de uma ponta a outra, arredores incluídos. O Lago escondido, os recantos do parque nacional Tierra del Fuego, o Glaciar Martial, o Faro del fin del mundo. Os melhores restaurantes, a lavandaria, o aeroporto, o super-mercado. Ah! E o café Marcopolo, que tem internet “inelambrica”.
(faro del fin del mundo)
(parque nacional Tierra del Fuego)
A Bambi chegou sem aviso, ao terceiro dia, pelo que se planeávamos ir-nos dali brevemente, a estadia prolongou-se automaticamente por mais uma semana!
Ainda para mais o Marcelo e a Fanny alugaram uma casa que tinha camas de sobra para nós. Mais aquecedor, frigorífico, fogão e cartas! De dia passeio e de noite borga!
Borga como quem diz, porque como o meu mais que tudo não cede a ameaças, não houve procura de substituto que o fizesse mudar um milímetro, e portanto continuou a recusar-se fazer o que quer que implique sair de casa. Mas adiante. (Isto não corresponde à verdade. Saímos uma noite. Um fiasco completo, como estava bom de ver. Terminámos a noite às onze e meia a beber cafés com leite no já referido Marcopolo. Depois perguntem-me porquê que prefiro ficar em casa!)

Um desses amanheceres, por volta do meio-dia, saímos determinados a subir ao Glaciar Martial.








Estávamos mais satisfeitos com a conquista do que com o glaciar em si – um bloco de gelo com fendas azuladas estendido aos nossos pés – el Glaciar Martial.

Nessa noite decidimos estragar toda a nossa investida numa caminhada saudável pela montanha e ensinámos os nossos amigos a jogar ao “olho”, cartas na mesa e duas garrafas de vodka, uma Absolut e a outra “Roskov”. Foi provavelmente a segunda que me foi servida nos intermináveis castigos de shots, pois no dia seguinte fui apresentada à primeira ressaca da minha vida, sendo que prefiro deixar os entreactos off the record (Quem quiser saber pormenores dessa noite, e acreditem que valem bem a pena, peçam-me o NIB e estou certo que chegaremos a um acordo.)
Todos os dias, ao levantar-se, a primeira coisa que o Marcelo fazia era espreitar o vento. Nada de vento. Era inacreditável, pois em Ushuaia normalmente predominam os ventos fortes que trazem o frio das montanhas e que agitam as águas do canal Beagle e o tornam por vezes inavegável. Desde que a Bambi chegara, o sol brilhava forte e o mar parecia um lago que reflectia a paisagem como um espelho. Andávamos de manga curta até às cinco da tarde como fazem os ushuaios sob o clima habitual, quando todos os turistas se agasalham até às orelhas com forros polares e “camperas” de marca. Assim, nestes dias, os ushuaios andavam nus!
Apesar das provas desoladoras de dedo indicador no ar, fomos duas tardes à zona dos “acantilhados”, na esperança de que o vento soprasse por aquelas bandas e se pudesse levantar voo sobre o canal e a vista da cidade, pequenina frente ao abraço da cordilheira.


Entretanto o Tano descobrira o café Marcopolo. Um cafezinho chique no centro da cidade, que tinha como mais valia internet wireless gratuita. Na realidade eles nem sabiam o que isso era, pois a internet era do hotel do lado, mas a nós dava-nos igual, e então, nas horas mortas – enquanto alguém preparava o jantar, por exemplo – aproveitámos para conversar com toda a nossa família e amigos durante uma ou duas horas ao sabor de um café expresso de qualidade. A minha mãe adorou o café Marcopolo.
Sete dias passados decidimos arrancar nem que chovessem canivetes, senão, mais um bocadinho e ficávamos ali a viver, como se passava com uns amigos do Tano, uma italiana, um suíço e um cão que andavam a viajar numa carrinha Mercêdes Sprinter pela América Latina e que tinham chegado a Ushuaia há três meses!!! …
Bambi e Kombi lado a lado na estrada como da primeira vez, 20 dias depois, 2000km à frente.
Glossário: Queridos leitores (demais incluídos), eu até tinha algum prazer em elaborar – em tom de graça – estes glossários simplórios e supérfluos, mas tendo-me apercebido que alguns de vocês possivelmente se incomodavam com a sua existência e para que os que eventualmente os lessem não correrem o risco de serem de insultados pelos demais, declaro por terminada a Era dos Glossários. (Não entrem em pânico meus amigos que eu convenço a inezinha a continuar estas verdadeiras pérolas da literatura. E tenho um às de trunfo na manga… a noite da ressaca!)
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home